Respirante em ebulição.

Luiza Sarmento, Brazil

2.10.09

Você sabe com quem está falando?

Engraçado... Faz bem pouco tempo que descobri o meu gosto pela palavra escrita. Sim, porque a falada é óbvia mas a cantada é a minha grande favorita. Apesar disso posso dizer sem pudor, que nunca fui uma pessoa de ler muito.Quem não me conhece e me olha, deve achar que eu passei a vida como uma bela CDFzinha interessante que misturava sua realidade e imaginação, com os livros! Fué, fué, fué...! Bull shit! Essa era a minha irmã mais velha!


Eu tocava mó rebú, mas era simpática no convívio com os adultos, e falava muito, com palavras difíceis e sobre assuntos deveras complexos (que eu mesma não dominava), mas como sempre gostei de música, modulava bem as frases, elas saíam bonitas e acabava sendo sempre bem convincente... Além disso eu era amiga dos meninos e sentava com as meninas malandrinhas do fundo da sala... Como diria meu querido amigo Arthur: "O menos safo corria de tamanco de costas"


É gente... A vida passa, e as coisas mudam! Acho que as pessoas acreditaram tanto que eu tinha essa imagem, de inteligente que eu acabei acreditando mais na minha capacidade, e resolvi me aprimorar. Acho que é por isso que hoje não me envergonho de confessar o meu passado... Mas o fato é que, eu vendo mais credibilidade, que eu pensei que tivesse, e se cola tão bem, devo presumir que algo nisso tudo, não é tão “fake” quanto eu pensei que fosse.


Outra contradição: Meus amigos dizem que tenho cara de gente rica, chique. Acho engraçado, pois minhas origens em Marechal Hermes, não condizem com essa imagem... Mas vão bem com pão com mortadela e refresco! É... Vejo que eu não passo de uma bela mistura entre a cabeça dura, de papai, seu lábios verborágicos, seu “nariz-im(pé)tuoso” e seus olhos marejáveis, com a candura das mãos de mamãe, os acalantos quentes do seu colo e esse maldito quadril largo com bacon extra! Bem... Eu acho que eu não sou nem o que eu penso ser, nem o que os outros pensam, eu sou mesmo bem estranha (no conjunto da obra), mas acho tudo isso muito divertido!

1.10.09

Retratos da minha vida doméstica

Escuto a goteira pingando no azulejo, e visualizo o ponteiro dos segundos... Parece uma contagem regressiva do colapso global, corro para o telefone do bombeiro hidráulico e finalmente concerto o boiler. Ufa! Menos um problema! Agora só falta desentupir o ralo, cortar as pernas dos bancos do bar, e arrumar uma receita com camarão. Internet. Google. Achei!


Então vamos lá: O camarão, manteiga, leite, creme de leite, queijo coalho, queijo ralado, requeijão... Nossa! Será que esse rango não ta muito cremoso? Bem sei lá! Aqui tá dizendo que é chulapa... Cozinhar até corar. Acho que coloquei muita água... É só deixar evaporar, então! Uhuuu! Genial! Quase desfiado de tanto cozimento... Pronto já melou!


Não! Pra tudo nessa vida dá-se um jeito! Vamos para o molho: Leite, manteiga, gordura, artérias, quarenta minutos de esteira... Tá ficando caro! Ai, ai... Não terei eu escolhido a receita errada? Bingo! E de fato depois de um dia cansativo e estressante, eu poderia ter pedido uma pizza e acendido umas velas pro meu jantarzinho romântico. Como não dá pra acertar sempre, tenho que dizer, que costumo me dar muito bem pilotando o fogão, mas ontem...


Duas horas e quarenta e cinco minutos depois, o que era pra ser simples e maravilhoso, virou uma super gororoba, metida a chique, com vários camarões me encarando e dizendo: Como você teve a coragem de nos colocar nessa roubada? Nós morremos pra isso, sabia? Olhei pra carinha do João e tenho que admitir que uma das suas maiores virtudes (honestidade), era tudo que meu ego já não precisava.Tudo bem, tudo bem! Quem nunca cozinhou uma gororoba, que atire a primeira papa! De repente o Jaime Oliver, não esteja nesta lista... mas ele é café com leite.


Puxa vida! Desolada, derrotada e meio enjoada, me rendo! Televisão, filminho pra esquecer a realidade e cama! Como diz o Chico: “amanhã vai ser outro dia”! Retorno ao banheiro, me olho no espelho e me sinto envelhecendo, como se pudesse ver a vida passando a cada segundo... Essa vida doméstica está me matando! ...Segundo?! Puta que pariu! Aquele sem vergonha daquele bombeiro hidráulico me enganou! E o pinga pinga continua...