Respirante em ebulição.

Luiza Sarmento, Brazil

21.11.11

27.9.11

Homo Eternus

O homem nasce e sofre,

e se alegra,

e sofre,

e cresce,

e sofre,

e se alegra.

E se pergunta se é possível estar para além do sofrimento:

E assim o homem pariu Deus,

(…pelo menos é isso que ele pensa…).


Então ele olha pra fora,

e procura respostas,

mais óbvia: dinheiro.

…e ele trabalha,

e abre mão de (quase) tudo para ter estabilidade.

Ele ganha.

Ele perde.

Ele troca.

E pra grande maioria,

Mais perde do que troca.

Então ele se vê numa encruzilhada:

Ou ele desencana,

e abre uma cerveja,

Ou ele busca conhecimento.


O conhecimento diferente do dinheiro,

só se valoriza ao ser partilhado.

E quando multiplicado,

transborda do ser humano,

E deixa outras marcas na história.


E a história se expande!

E a natureza se encolhe...

E enquanto o homem procura:

Comida,

Dinheiro,

A chave de casa,

Sexo,

Solução para a andropausa,

E fareja pela imortalidade;

se depara com uma resposta:

E se desconfia maior que Deus!

E se depara com outros milhares de mistérios,

E se sente...

humano.

Nova encruzilhada:

Ou ele se ilumina,

Ou se deixa cegar.


E nesse meio tempo

o tempo passa.

E assim…

E assim,

Ele vê a morte chegando,

E avalia o seu apego,

E avalia o seu legado,

E sussurra sua prece,

Ou se desespera,

Ou se emociona,

Ou se conforma,

Ou se entrega,

Ou compreende,

e se despede.

18.8.11


Caso Zara: Enquanto nós somos pessoas que temos muito mais do que o mínimo, pra viver. Há outras que doam sua própria vida, pra viver. Seu máximo sem luxos! E nós iludidos, exploramos sem saber, e nos calamos aos sermos explorados... eles devem estar chocados, por estarmos chocados.

10.8.11

Flagrada.

Sim. Eu aprendia a respirar enquanto ele nos sufocava.
Ele encheu minha vida com seu silêncio ensurdecedor e excitante,
E mesmo com o ar rarefeito, eu respirava, eu dedicava.
E os meus ouvidos se inundavam a qualquer ruído de sua pulsação.
Fui mais tesão, coração e boca do que qualquer intensidade de razão.
E agora ela desce às minhas vistas e veste-se sem pudores de meu olhos.
e com sua voz pouca e fria, nos flagra e sussurra-me:
...e a paz?!

1.6.11

Mantra

Minha vida era regida pelos fatos,

Tocada pelos sentimentos,

Dançada pelos argumentos.



...eu não ouvia a música.

8.5.11

Leite derramado em leito.

E então no leito do Sim

Hiberna roncando o sonoro Não

Enroscado no lençol um dia manchado,

Nomeia por pecado o tesão e o beijo puro.

E o suculento amor de outrora,

Sequer pinga.

Resmunga o leite derramado em leito.

Hoje seco, hoje duro

Sorrateiramente retira-se do peito despido

Esticando o seu último olhar comprido por sobre os ombros,

Observa os corpos em escombros,

E como sonâmbulo, despista-nos.

Lamenta marchando firme ao horizonte

Levantando o passo como que para livrar-se da sombra

Que náufraga em nós, também nos abandona.

E lá vai o amor caminhando,

Na certeza de que é no mais escuro da noite fria

Que desponta calmo e luminoso

O novo dia.

`As voltas com Saturno.

Quando Saturno despontou

Me encarei, olho no olho

No espelho. Percebi:

Passei a vida

Tateando imagem refletida.


Quando Saturno retornou:

Iludida, pasma,

Sem tocar a mim mesma,

Perguntei:

Quem eu sou?

Onde estou?

Onde andei?


Súbito

O vento mudou,

A terra tremeu,

O céu escureceu

Um tsunami me lambeu!


Quando Saturno me atropelou,

Me toquei:

Levante-se só!

Desejo é o que te move!

E foi assim que minha história começou:

Mirando o espelho,

Olho no olho,

Me repari aos vinte e nove.