(a mulher exclama): - Meu filho está à beira da morte! Diga-me mestre, o que posso fazer para salvá-lo?
( mestre serenamente, diz): - Traga-me uma semente de mostarda, de uma família onde nunca ninguém morreu.
(...)
Sem questionar, ela sai desesperadamente, batendo de casa em casa. E quanto mais ela procura, mais se depara com o sofrimento das mortes alheias, e da que estava por vir:
(a mulher aos soluços, anuncia): - Não há semente! ...Ele morreu.
(o mestre serena e respeitosamente, diz): - Então afogue suas mágoas e enterre seu filho.
(...)
( mestre serenamente, diz): - Traga-me uma semente de mostarda, de uma família onde nunca ninguém morreu.
(...)
Sem questionar, ela sai desesperadamente, batendo de casa em casa. E quanto mais ela procura, mais se depara com o sofrimento das mortes alheias, e da que estava por vir:
(a mulher aos soluços, anuncia): - Não há semente! ...Ele morreu.
(o mestre serena e respeitosamente, diz): - Então afogue suas mágoas e enterre seu filho.
(...)
Quando assisti a essa cena no teatro, me arrepiei e entendi a inevitabilidade da morte. A dor de um pai, pelo amor de seu filho, a dor do mundo inteiro e as muitas mortes que vivem em uma só vida, dentro e fora de nós. E quantos e quantos sepultamentos internos, temos que consentir durante uma nesga de vida? Acredito que a cena acima, contenha a maior de todas as dores.
Quando penso no tamanhão dela, apaziguo as minhas, e enterro os meus e os seus erros, e os nossos rancores. Nesse momento entendo bem a imagem da própria caveira arando seu leito... É preciso recomeçar. Tantas vezes quantas forem possíveis! É preciso a morte para abrir os espaços da vida. É preciso saborear a mostarda e sentir no fundo de seu amargor o gosto do recomeço.
Um brinde às muitas mortes dessa vida! Que re-floreçam!
8 comentários:
Freud concordaria... É foda abrir o armário da alma!
É mesmo Luiza... que coincidência! Nós dois falando das inevitabilidades da vida. Que bom que temos amigos para arar também os bons presságios e momentos.
Tin-tin!
Eu que tenho tantos e tantos espaços nessa vida. Talvez por isso essa vontade de seguir, lutar e recomeçar sempre. Belo texto ;) Bjos
Feliz Dia da Saudade ! 30/01.
ah... um suspiro resignado nasceu.
Que coisa linda, Luiza! E o que mais tememos é o que dá sentido ao que tanto buscamos. Só amamos porque morremos. Só desejamos porque morremos. Procriar é ampliar o espaço vital. Só nos resta saudar a inevitabilidaden do amor, do desejo e dos filhos que,um dia, virão. Mesmo que não sejam nossos.
Beijos.
...voltei por 3 vezes, me sinto inevitável, talvez eu seja como um gato, como Gabriela dizia e se for, ainda tenho crédito. A mais dolorosa das mortes é aquela que cai no esquecimento, é pavoroso matar-se lentamente e depois renascer de alguma vontade divina, não mais como era, mas com um gosto do que foi e jamais será. O tempo passou e morri mais uma vez, é preciso morrer para sentir-se vivo, do outro lado apenas uma parede transparente, fina, dimensional a nos expor, rigorosamente desnudos, com a nossa vestimenta de pele devidamente dobrada e pendurada no braço espiritual. Não somos mais os mesmos, talvez agora seja pra valer...
Postar um comentário