Por que será que as pessoas têm tanta dificuldade de reconhecer suas falhas? Dá tanto trabalho inventar desculpas, discutir e culpar o outro, que é mais simples se avaliar e perceber que vacilou. E porque não? Não mata ninguém. Pelo contrário. Opera milagres. Mas acredito que as pessoas já estejam tão viciadas na argumentação em sua defesa, que não sejam capazes de perceber o ridículo que isso é. É tão óbvio e tão fácil perceber a falta de razão... Nesses momentos tento me manter calma e sorrir, não permitindo que a sujeira do coração do outro permeie o meu, e torço que perceba que tudo pode ser mais fácil.
Outra coisa que venho reparando, é que as mesmas pessoas que assim agem têm dificuldades de pedir desculpas. Viram a página e esquecem que o outro pode estar machucado. Deixando para trás um rastro de mágoa. Mas se é pelo bem e manutenção da paz, vale! ...Porém tudo tem limite. Tais pessoas são muito frágeis, por incrível que pareça! É que quanto mais acuado, mais reativo. São as pessoas da categoria "Côco".
Agora preciso explicar. Sílvia Morgenstern, minha amiga, mitóloga e contadora de história, disse algo que nunca me esqueci, numa daquelas manhãs de aulas na oficina da Globo. Ela disse: tornem-se Berries (... morangos, framboesas)! Cada pessoa tem uma fruta que melhor lhe traduz. Os do tipo "berrie" têm casca facilmente penetrável pequenas sementes que dão uma certa crocância, são ligeiramente cítricas para não serem enjoativas, porém doces, e cabem inteiras na boca. São unidades. O ideal.
Pessoas "melancia" têm casca muito dura, polpa muito aquosa de estrutura leve, vários pequenos caroços, e doce. Normalmente essas pessoas acham que o resto do mundo tem obrigação de saber do seu conteúdo frágil e doce, e esquecem que têm uma casca quase impenetrável. Não se deixam provar facilmente.
Não pensem que também não me medito fruta. Sei bem do meu "caju". Casca fácil de romper, muito suco, doce polpa, tudo se aproveita (inclusive a semente), porém uma cica difícil de encarar e de esquecer. Mas como recomendou minha querida mestra, procuro fazer emergir o morango que mora em mim.
Acho que cada um deveria meditar sobre qual é a sua fruta, e entender que o mundo inteiro não é obrigado a compreender cascas grossas demais e intuir sua doçura, sementes imensas e respeitar sua alma dura, suco demais e achar que o resto todo é seco, doce demais e ser enjoativo, cica demais travando o paladar pro resto da vida, azedume goela abaixo...
Os de casca grossa em geral também têm mais dificuldade com essa compreensão, acha que isso tudo de fruta, é balela, que frutinha é "viadagem" e que essas comparações são demagogia de psicólogos... Normalmente não reconhecem suas falhas e passam a vida brigando com o mundo, protegendo seu conteúdo de ser devorado, e esquecendo que é pra isso mesmo que estamos nessa vida, e gastam seu tempo sem se deixar saborear e perdendo belas oportunidades de colher bons frutos.
10 comentários:
Não! Eu não estou falando da mulher melancia...
vc é uma grande caixa caixa de surpresas, felicidade pra vc.
Hahaha. Nem imaginei que estivesse, cara colega de rádio e mundo pequeno:)
Gostei muito das analogias e do texto. E por acaso acabei de comer um tamarindo. hehehe. Essas seriam pessoas realmente difíceis, imagino. Casca dura e por dentro um azedume só. Sempre há quem aprecie, né? Enfim..
Só pra dar um alô, agora que entrei pra esse mundo de gente que bloga.(Se fala isso?) Quando tiver um tempo dá uma olhada lá no meu.
Bjs
Gostei muito do texto!
Beijo
Cada dia melhor. Bjocas ;)
Esse negócio de ser fruta na minha rua pega mal. Quem mandou ser velho e morar em Niterói?
Sou mesmo um abacaxi... rs!
beijo
Oi Luiza,
Sou um andarilho do mundo virtual e em recente visita ao blog do Gabriel Cavalcante segui a dica e aqui estou.
Achei bacana a analogia, mas não sei em que fruta a minha personalidade se encaixa. Acho que estou mais para um jiló, uma planta da família das solanáceas que geralmente é confundida com um legume.
Não digo isso por ser amargo, longe disso, sou um cara tranqüilo, centrado, porém muito exigente quando necessário. Enfim, quem gosta de jiló gosta mesmo, mas quem não gosta...não gosta e pronto.
Um grande abraço a todos!
Domingo passado, vendo o canal 2 tive a certeza que o diferencial do comentário geral era o estilo de condução do programa e não a arrumação do mesmo. Fico feliz que a TV não perdeu uma ótima apresentadora, que além disso vejo também ser uma filósofa.
Bom ia só deixar uma mensagem elogiando o ótimo trabalho, mas com relação as frutas, gostei das comparações. No que vc coloca o orgulho seria o grande fator que leva certas pessoas à não reconhecerem seus erros, que dirá pedir desculpas. Infelizmente se não corrigirmos os erros, acabamos por carrega-lós ao longo do tempo, atrapalhando nossas vidas. Pena que nem todos pensem assim. No fim, o que dá pra fazer é aprender com estas pessoas o que não deve ser feito e o que não gostariamos que fizessem conosco se não conseguirmos fazer elas enxergarem tais erros.
Brilhante polêmica levantada. Sucesso em todos os sentidos, que vc alcançe seus sonhos, um abraço, e que vc possa estar sempre rodeada de morangos.
Muito interessante a mensagem e as analogias, Luiza.
A gente tem de desabrochar o Francisco de Assis que há em cada qual: passamos por esta Terra mais para dar, distribuir, partilhar.
Reter é câncer.
Beijos!
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