E então no leito do Sim
Hiberna roncando o sonoro Não
Enroscado no lençol um dia manchado,
Nomeia por pecado o tesão e o beijo puro.
E o suculento amor de outrora,
Sequer pinga.
Resmunga o leite derramado em leito.
Hoje seco, hoje duro
Sorrateiramente retira-se do peito despido
Esticando o seu último olhar comprido por sobre os ombros,
Observa os corpos em escombros,
E como sonâmbulo, despista-nos.
Lamenta marchando firme ao horizonte
Levantando o passo como que para livrar-se da sombra
Que náufraga em nós, também nos abandona.
E lá vai o amor caminhando,
Na certeza de que é no mais escuro da noite fria
Que desponta calmo e luminoso
O novo dia.
8 comentários:
Bom te lê. =]
Enfim! Senti saudade.
Oi, Luiza!
"Leite derramado em leito" é um corpo de reflexão refinada. Profundo e provocativo!
Em especial, destaco o humor de "E o suculento amor de outrora/Sequer pinga", sem esquecer de "Levantando o passo como que para livrar-se da sombra/Que, náufraga em nós, também nos abandona".
Continue! Beijos.
Corajoso e sensível seu poema, Luiza. O amor segue em frente, apesar das hesitações e torpezas humanas, pois ele é da luz, e não da sombra. Verdadeiros achados os versos "E o suculento amor de outrora / Sequer pinga." e "Levantando o passo como que para livrar-se da / Que náufraga em nós, também nos abandona." Continue!
Adorei seu blog Lulu, parabéns! bjs
Ari
Obrigada Ari! Seja bem vinda! Saudades.
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