Respirante em ebulição.

Luiza Sarmento, Brazil

8.5.11

Leite derramado em leito.

E então no leito do Sim

Hiberna roncando o sonoro Não

Enroscado no lençol um dia manchado,

Nomeia por pecado o tesão e o beijo puro.

E o suculento amor de outrora,

Sequer pinga.

Resmunga o leite derramado em leito.

Hoje seco, hoje duro

Sorrateiramente retira-se do peito despido

Esticando o seu último olhar comprido por sobre os ombros,

Observa os corpos em escombros,

E como sonâmbulo, despista-nos.

Lamenta marchando firme ao horizonte

Levantando o passo como que para livrar-se da sombra

Que náufraga em nós, também nos abandona.

E lá vai o amor caminhando,

Na certeza de que é no mais escuro da noite fria

Que desponta calmo e luminoso

O novo dia.

8 comentários:

Wescley Pinheiro disse...

Bom te lê. =]

Rafa Campos disse...

Enfim! Senti saudade.

Evaristo Calixto disse...

Oi, Luiza!

"Leite derramado em leito" é um corpo de reflexão refinada. Profundo e provocativo!

Em especial, destaco o humor de "E o suculento amor de outrora/Sequer pinga", sem esquecer de "Levantando o passo como que para livrar-se da sombra/Que, náufraga em nós, também nos abandona".

Continue! Beijos.

Evaristo Calixto disse...

Corajoso e sensível seu poema, Luiza. O amor segue em frente, apesar das hesitações e torpezas humanas, pois ele é da luz, e não da sombra. Verdadeiros achados os versos "E o suculento amor de outrora / Sequer pinga." e "Levantando o passo como que para livrar-se da / Que náufraga em nós, também nos abandona." Continue!

Arianna Costa disse...

Adorei seu blog Lulu, parabéns! bjs
Ari

Arianna Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arianna Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiza Sarmento disse...

Obrigada Ari! Seja bem vinda! Saudades.